domingo, 16 de julho de 2017

São nuvens passageiras

Hoje choveu no mundo todo
Todos sentiram
Uma frente fria gelada
Nuvens chuvosas e inesperadas
Sem sombra de dúvidas...
sobrou dúvidas

Aqui estou... Todo encharcado
Pensando no que perderei...
As besteirinhas do dia-a-dia
A rotina que vai cansar...
Sem ter pra quem contar
As pequenas coisas...
Toda a simplicidade faz falta
Toda a felicidade de seu sorriso
Junto com à maldita chuva...
Desabou-se pela vala
E todo amor, por mais que o valha
Desagou-se em um rio qualquer

Maldito tempo este
Que chove sem dó
E na garganta fica um nó
Nao vê que te chamo?
Nao te abraçar e beijar
De ter que esperar
Enquanto te amo

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Chapter 1

No! Please grandma, I don't want to sleep,” said Oliver.
You never get sleepy when I tell stories about your grandpa,” said Marin, running her hand through Oliver’s head.
It was true: Oliver loved hearing about the incredible feats his grandfather had accomplished. Raul was a great adventurer and people said that he had gone to all parts of the world.
How come he got to travel and daddy has to be a shoemaker? Daddy said that a great Leprechaun serves to make beautiful pairs of shoes. Is that true?”
Your grandfather always admired Leprechauns, and he wouldn't have gone so far without shoes so comfortable.”
You mean that to travel, we need better shoes?”  Oliver asked, doubtfully.
Marin smiled tenderly and looked at her chest, where she wore a coin as a pendant.
We all have our role in this world” - said Marin – “You are a leprechaun's son, but you do not need to follow the path of your parents.”
Do you promise? Can I travel like Raul did?”
You can do whatever you wish, my dear. This is a conversation you will have with your father tomorrow, and that's why I'm telling you today. Are you keeping this secret?” The Little Leprechaun nodded. “Every individual of our species receives a magic coin on the third anniversary... the greatest treasure of all.”
The greatest treasure I could have would be to see my mommy again,” said Oliver, turning his face away to hide a possible tear.
We've talked about that, baby; your mother is resting...”
Sorry, sometimes I miss her.” Then a thought occurred to him: “Can I buy everything I want with this money?” Oliver asked, full of will.
Don't be silly, Olly. It has a much deeper value than that: the coin keeps our essence, our personality. But there is an even more valuable coin: the golden one, which is given only to people who have not only found happiness but are pure and share joy wherever they go, with everyone they meet.”
Because with this one you can buy things?” He risked again.
No! What else do you need? Those who have a golden coin are blissfully fulfilled.”
I would feel joy with more toys,” said Oliver angrily, not exactly understanding what his grandmother was saying.
You are too young to comprehend my dear; in our world we do not buy things like in the fantasy stories of those creatures called Humans... We exchange, do favors for each other and donate what we do not need or want. It works much better.”
A wolf's howl was heard outside, reminding Marin that her grandson had already spent too much time awake. She could not say if it was entirely his fault or if she was letting it happen: both loved each other's company. Oliver loved hearing stories of his grandfather and, in telling them, Marin was touched once again with a longing for her companion, her husband, her everlasting love.
All right, wise guy, you won again!” Marin teased and tickled her grandson. “But now it's time to sleep, okay?”
With a nod, Oliver hung his green cap on the side of the bed and closed his eyes. But he was just waiting for his grandmother to leave the room to finally stop pretending and soak (indulge) in another endless night with new possibilities: a new world where he could be what he wanted and feel his little heart fill with happiness.

That night Oliver did not have to close his eyes to dream.

sábado, 8 de outubro de 2016

Ai de mim!!!

Ai de mim...
De querer planejar a felicidade.
Sonhos irrealizáveis,
Em tempos incontáveis.

Ai de mim...
De não manter os olhos bem abertos,
Cair em um sono
E sonhar uma vida,
Que não é nem minha.

Ai de mim...
De não viver o agora,
Pois vai chegar uma hora
E não terei outra chance.
                                           Andorinha,

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Vivemos um mundo onde só o distante ou ate mesmo impossível é apreciado



Como uma musa proibida ou uma estrela que brilha tão além de seu espaço-tempo, só será belo se não for alcançável.
Admiramos as auroras boreais, acima de qualquer outro fenômeno natural e como não ama-las? São tão graciosas e raras, algumas pessoas apenas terão a chance de ver, talvez uma vez em vida, ou nenhuma.
Mas... E aquele belo por do sol multicolorido? Quantas vezes você já viu o sol nascendo? Sem nenhuma barreira do horizonte para te atrapalhar, sem celulares, sem obrigações, apenas você e um evento que acontece (pasmem) TODOS OS DIAS e você perde. Deixou passar porque se importou 
mais com o planejamento de algo impossível, algo que não estaria disponível na manhã seguinte.

De tão fácil, e erroneamente dito como simples, é perdido e ignorado.


Obrigado sol, não irei te aplaudir por nascer, mas fiquei imensamente feliz por ter tido a chance (e a coragem/vontade) de te conhecer um pouco melhor.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

adeus e obrigado pela noite


Hoje acordei triste
Pois tive um belo sonho,
Para onde foram aqueles momentos...
Perdidos em uma realidade tortuosa.

São tantos amigos que não verei mais
Um dente-de-leão soprado,
E nossas promessas...
Ao sabor de um amanhã inexistente.

Sem rostos ou nomes
Se existem, nunca saberei,
Serei eu um sonho deles...
Nas certezas da vida, sigo em silêncio.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

A harpa - Irlanda

Quando mudei para Europa, percebi como eu era inocente, achava que moradores de rua e desigualdade social eram problemas de países pobres, com o tempo percebi que todos buscam a felicidade, mas ela estará lá apenas para alguns. Morando na Irlanda eu vejo diariamente pessoas dormindo nas ruas e aqui é ainda pior, tem o problema de baixa temperatura, do vento e das chuvas que chegam e se vão rapidamente - não deve ser fácil passar uma noite nas ruas de Dublin.

 Para alguns o natal é uma época de se banquetear com alegria e celebrar a vida, porem, para os que estão nas ruas, essa mesma data é apenas o sinal da tristeza, da fome e possivelmente de morte.

Logo no primeiro mês morando aqui, eu consegui um trabalho, comecei como ajudante de cozinha em um restaurante e vocês não tem ideia de quanta comida é jogada fora, chegam a ser toneladas por semana, é horrível! Eu nunca passei fome, não vim de um lugar de pobreza extrema, mas tenho consciência que ela existe. Eu sentia uma dor profunda, eu não podia aceitar o fato de não ter muito tempo, o restaurante estava sempre cheio de gente e a comida tinha que ser jogada fora. O que eu podia fazer era toda vez que eu terminava meu turno, separava o que dava e colocava na caixa de take away, que o restaurante providenciava e eu faria o serviço de estregar pela cidade.

Moradores de ruas agora não eram mais criaturas invisíveis para mim, percebi que muitos estavam lá há muito tempo e logo comecei a priorizar a entrega para rostos novos, não irlandeses, porque aqui eles recebem uma moradia básica, mas muitos ainda estão nas ruas. Comecei a pensar se não era uma forma de preconceito, ou pelo fato de que um dia entreguei comida e grosseiramente um rapaz irlandês pegou e desapareceu. Eu não tinha o direito de ficar bravo, não estava fazendo para receber elogios, estava fazendo porque eu podia, não era muito, mas já era algo. Era impossível alimentar a todos e eu não teria como criar um sistema de entregas, isso é ilegal e alguém poderia processar o restaurante se passasse mal, isso já aconteceu e eu perderia muito mais do que o meu trabalho.
Salvar o mundo é uma tarefa muito difícil.

Existem os que moram nas ruas e aqueles que apenas pedem dinheiro e esse era o caso de uma idosa que partiu meu coração quando eu a vi. Era uma senhorinha muito delicada, beirando seus 60 e poucos anos, estava bem vestida (estaria eu sendo preconceituoso de novo?) aquela cena era triste, porque estaria ela fazendo aquilo? Onde estavam seus filhos e netos, quem deixaria a avó passar por isso?

Eu não ganhava muito dinheiro e menos ainda de caixinha que era dividida de uma forma não muito exata entre as partes e a minha era a menor. Eu me peguei reclamando das moedas que eu recebia, dizia que era pouco e se eu realmente achasse que não faria diferença, eu poderia dar para alguém e resolvi dar algumas moedinhas para ela.
Fiz isso por um mês e ela recebia minhas moedas dizendo:
- Muito obrigado meu anjo.
Não sei se aquilo a estava ajudando, mas em mim algo doloroso crescia e resolvi falar com ela.
- Senhora, desculpe perguntar, mas porque você esta aqui? – fui direto, depois de um mês de tensão e duvida, não poderia ser diferente.
- Oi meu anjo... Eu perdi meu trabalho – deu de ombros – estou aqui agora.
Evitei perguntar de família, fiquei com medo do que poderia ouvir – e o que você fazia? – Sentei, no chão mesmo, se uma senhora de quase setenta anos podia ficar pedindo dinheiro, até mesmo na chuva, sentar no chão não faria mal algum.
Ela viu que eu não iria a lugar nenhum.
- Eu sou – com um sorriso no olhar, se corrigiu – eu era uma harpista, você deveria ter me visto tocar – e de um leve sorriso, seu rosto se transformou em algo nulo - nunca imaginei que a artrite fosse avançar tão rápido.

Ver aquela senhora olhar para suas pequeninas e agora tão frágeis mãos foi demais, eu iria chorar e disse a primeira coisa que veio em mente.
- Você pode me ensinar a tocar harpa, é o instrumento perfeito para a Irlanda você não acha? – Disse, me virando, não para observar a beleza natural da Irlanda, disso eu já estava acostumado, foi apenas para ela não ver que algumas lágrimas descuidadas estavam quase criando um belo caminho em meu rosto.
- Mas eu não posso tocar mais, meu anjo.
- Você não precisa, pode só... Me mostrar como fazer, o ritmo, tudo isso.
Ela não parecia estar muito contente.
- É claro que eu vou pagar... – Disse.
Continuou...
- Você escolhe o dia da semana... – Insisti.
Olhou para o lado...
Eu percebi que ela não estava olhando para nada em particular, mas justamente naquela direção tinha sua tão querida garrafa térmica que continha um desenho de um robô e uma frase “uma xicara de chá poderia restaurar minha normalidade”.
- Eu levo o chá... – No fundo eu sabia que não haveria resposta, desisti, levantei-me e então ela me chamou.
- Garoto, esteja pronto na próxima semana – Disse, ainda encarando o infinito que era visível apenas para seus profundos e cansados olhos azuis – A proposito, meu nome é Evelyn.
Acenei e caminhei com uma sensação de imensa felicidade. Naquela noite não consegui simplesmente ir para casa, passei por varias ruas, dei varias voltas e escutei todos os músicos que tocam a noite, até mesmo parei para escutar aquele cara chato que toca gaita de foles, não me leve a mal, o problema não era o instrumento, era o cara, porem sempre quando eu escuto ele não fico com raiva, eu dou risada porque lembro de um personagem de uma serie que teve uma tentativa fracassada com gaita de foles – eu fiquei imaginando se eu com a harpa seria a mesma coisa.

Cheguei em casa me sentindo a melhor pessoa do mundo, nem todas as comidas entregues para os moradores tinha sido grande como isso, colocar velhinhas em casa para poderem tomar um chá... são momentos como esse que fazem a vida valer a pena.
Uma semana depois, ela estava lá, não como habitual, dessa vez ela estava de pé e me esperando.
- Olá, pronto para a primeira aula? – disse Evelyn, sorrindo.
- É claro...
- Então me siga.

Andamos por cerca de quinze minutos e fui tentando saber algo mais sobre vida dela, mas ela não parava de perguntar sobre mim, quanto tempo eu estava aqui, se estava gostando, quanto tempo pretendia ficar, toda vez que eu fazia uma pergunta ela desviava o assunto e deixei assim, daria o dia para ela saber de mim, teríamos mais tempo – Isso é, se eu não fosse um desastre e ela achasse que eu estava arruinando uma musica tão bela – eu sabia que com o tempo, talvez depois de um chá, ela me contaria sobre ela.
- Chegamos – ela disse.
A casa era pequena, mas impecável. Poucos retratos, muitos objetos decorativos e instrumentos.
- Uau, sua coleção de discos é fantástica, eu tinha uma grande, mas essa aqui é para se orgulhar – Menti, queria ver ela falar sobre musica, talvez até mesmo pegar os discos famosos, os raros e falaríamos sobre ele. Quem sabe até um em que ela participou? Tudo era possível, eu estava em um terreno desconhecido.
- Sente-se aqui garoto, vamos começar a aula – ela disse, me ignorando.
Obedeci, o que mais poderia fazer. Sentei do lado da harpa e como ela era linda – que harpa linda Evelyn - toda esculpida – você mandou fazer? – eu vi que tinha varias gravações na madeira, possivelmente nome de amigos ou parceiros de banda – essas gravações foram de pessoas que tocaram com você?
- Agora bote suas mãos aqui – disse, sem responder minhas perguntas – ai não garoto, você esta fazendo errado – e bateu com uma varinha na minha mão.
Fiquei assustado, não queria errar de novo e ainda bem que eu tinha visto alguns vídeos pela semana, mas na pratica tudo parecia mais difícil.
- Você não esta fazendo certo – disse ela, depois de meia hora de aula – faça de novo.
- Mas foi assim que você disse para eu fazer – retruquei.
E de novo levei uma baita saraivada com aquela varinha que parecia ter sido forjada a fogo.
- aiiiii – Reclamei de dor e enquanto abanava minha mão para ver se a dor passava vi que Evelyn estava debruçada em seus próprios braços e soluçava.
- Desculpe, eu vou melhorar – disse, tentando ajudar.
- Não é isso meu anjo – disse com voz abafada, continuando em sua posição – eu sou uma péssima professora.
- Evelyn, me escute... Evelyn – esperei até que ela me olhasse – eu quero aprender a tocar, mas eu queria mesmo era que você saísse das ruas...
- O que você sabe da minha vida? – disse ela, com voz séria.
- Nada... Olha, eu tenho uma avó, mas nunca fomos amigos, eu nunca consegui conversar muito com ela, não sei se a culpa foi minha ou dos dois, nunca nos aproximamos.
- Faz anos que eu não recebo ninguém... Que eu não converso com ninguém – disse Evelyn, parando de soluçar.
- Tudo bem, você ta indo bem – menti e esbocei um sorriso mais mentiroso ainda.
- Eu estava te batendo!
- Foi o meu castigo, por estragar uma musica tão linda.
- Você é impossível, sabia?
- Impossível vai ser eu aprender a tocar isso...
Ela levantou, deu uma volta pela casa e pegou um disco e depois de alguns minutos de silêncio ela falou.
- Esse aqui eu gravei com a minha banda.
- E a aula? – Perguntei.
- Você não estava aprendendo nada mesmo – disse ela, sorrindo e demos risada - fica para semana que vem, hoje vamos conversar.
- Precisamos de chá! – eu disse.
- Você esta absolutamente certo.

E conversamos por mais meia hora, estava muito animado, ela até me mostrou na harpa um selo dourado com uma inscrição dizendo “Eibhlin” eu disse que não fazia ideia do que aquilo significava, perguntei se era celta e ela me respondeu que assim que ela escrevia seu nome, forcei meus olhos e então entendi,  ela tentou me ensinar um pouco de gaélico e por mais incrível que pareça eu descobri algo em que eu era pior do que harpa (fiquei com medo de errar e ela me dar uma chibatada na boca).
Conversamos por mais meia hora e o meu tempo tinha acabado.
- Evelyn, muito obrigado por tudo, tome aqui - entreguei a ela dez euros.
- Fique um pouco mais, a próxima hora é por conta da casa, se você não estiver ocupado.
- Certamente ficarei... Mais chá?

Foi assim por varias semanas, nossa amizade estava ótima, a única coisa que eu achava estranho era que além de estarmos bons amigos ela continuava me batendo com a varinha toda vez que eu errava e como eu errava, MEU DEUS!

E assim foi toda semana, por quatro meses, fora uma semana em que eu tinha viajado para a Grécia e comprei para ela uma pequena estátua de um musico, poeta e profeta, segurando uma harpa.
- Isso é uma lira e ele é... não te chamarei mais de garoto, de agora em diante você é como ele, Orpheus.

Fiz uma reverencia e aceitei o nome e realmente ela começou a me chamar assim. Foi nesse dia que ela contou de seu marido, que tocava violoncelo em sua banda, seu nome era Patrick e eles ficaram juntos por trinta anos, até que ele teve câncer e os dois gastaram tudo o que tinham no tratamento.
- Eu estava lá todas as noites, até mesmo na que eu vi meu amor partindo. Nos dois sabíamos qual noite seria e eu levei a harpa, toquei uma musica que no momento dizia muito sobre a gente, não era a nossa favorita, mas toquei “eu irei te encontrar” porque eu sabia que isso iria acontecer. Ela parou por um minuto e depois de muitos anos, (eu pude sentir o esforço que ela estava fazendo,  a dor não era apenas física) ela tocou para mim a musica e não apenas ela estava com lagrimas nos olhos, meus olhos me denunciavam. Ficamos abraçados por muito tempo e naquele dia não pude deixá-la sozinha, dormi no sofá. Com um beijo na testa, ela me disse boa noite.

 Nossa amizade estava ótima e no meu aniversário ela me deu uma pequena harpa!
- Evelyn, não precisava, isso deve ter custado muito – aquilo me emocionou e eu sabia, os que tinham menos sempre compartilhavam, porque quando você tem algo para dar, a falta não faz mais falta.
- Você merece e nem foi tão caro assim, o dono da loja é meu amigo, tocávamos juntos, já devo ter falado sobre ele.

Descobri o que deveria fazer sem seguida, nossas conversas eram animadas, mas e os amigos antigos? Eu tinha uma pista e resolvi segui-la. Naquele mesmo dia, quando minha aula acabou fui na loja.
- hum, então você é o aluno da Evelyn, ela me falou muito de você garoto.
- Muito obrigado pelo presente, vocês dois e queria fazer algo... Quem sabe uma noite de musica ao vivo? Você deve conhecer os amigos dela, o que acha? Consegue algo para sexta à noite?
- Deixa comigo!

Na sexta, avisei que passaria lá à noite para ela afinal a minha harpa nova, pois eu queria começar a treinar e ela aceitou me receber, mas quando abriu a porta, muitas pessoas entraram. Seus olhos ficaram em lagrimas de ver seus antigos amigos entrando, um a um, todos admirando aquela pequena e frágil senhora que um tinha sido uma das melhores harpistas de Dublin, quem sabe da Irlanda. Fiquei sentado no sofá, naquele dia eu não falei muito, fiquei escutando a musica e as antigas histórias. Se tinha sido uma noite inesquecível para mim, imagina para ela...

Tudo estava correndo muito bem, nossos encontros semanais estavam dando resultados, eu realmente estava aprendendo e não só a tocar harpa. Até que eu cheguei em sua casa como de costume, mas ela não abriu a porta. Bati de novo e nada, resolvi entrar e vi seu corpo caído no chão, corri desesperadamente, possivelmente ela tinha caído, desmaiado, tido um ataque cardíaco... Não... não era nada disso... Ela estava fria.

Ajoelhei ao seu lado e chorei.

As primeiras palavras que ela tinha me dito foram “muito obrigado meu anjo”
Eu nunca fui muito religioso, mas eu gostaria muito que existisse um paraíso, pois eu sabia, eu tinha certeza de que ela estaria escalada no time principal dos anjos harpistas, finalmente feliz com seu melhor amigo, sua harpa.

Por fim, toquei a musica que ela tocou para seu marido em leito de morte e agora eu entendia o que aquela musica representava. Foi muito difícil de tocar e eu nunca tinha conseguido, mas era como se fosse à prova final e eu precisava passar - Algo em mim pedia para que eu errasse e talvez ela viesse e continuasse me ensinando, me batendo com sua varinha e dizendo que eu tinha dedo torto, dedos de encanador, não de harpista, mas era um pensamento egoísta, eu sabia, ela estava finalmente livre, eu continuaria a tocar, para que ela voasse em paz. Meu anjo

Meus dedos deslizavam suavemente, nunca tinha sentido tanta delicadeza no toque, talvez ela tivesse me ajudando, seria a nossa ultima dança juntos, sob pressão e conseguimos! Foi sublime, finalmente eu tinha entendido o que era aquele instrumento e pude sentir o que Evelyn sentia... – Eu conseg... – tinha me esquecido que ela estava no chão, mas estava diferente, se você notasse bem, se você a conhecesse (e eu tive esse prazer) saberia que ela estava feliz, ela tinha esse sorriso discreto, doce.

Chamei a policia, disse que era minha avó e ficaria muito feliz que fosse verdade. Eles levaram seu corpo. Eu fiquei mais alguns minutos naquela casa, lembrando os belos momentos, de musica e alegria. Olhei pela ultima vez aquela bela harpa e sai.

Agora ela estava livre, estava com seu amor e poderia tocar quando quisesse, adeus minha querida vozinha.

( i will find you - Clannad) musica mencionada no conto

https://www.youtube.com/watch?v=_CI7Fo4p0v8